Friday, July 18, 2003

A política - Uma alternativa à democracia.

Todos os sistemas políticos próximos da democracia sofrem de dois males: a irresponsabilidade e o "tachismo".

Resumidamente, António Guterres fodeu o país e não lhe aconteceu nada, e se se candidatar democraticamente o povo volta a votar nele, porque o povo tem memória curtíssima, gosta de gajos pacholas, até são todos iguais uns aos outros, e o homem "até que fala benzinho".

Principalmente porque o povo não vota racionalmente, com base em informação necessária e suficiente, na defesa dos seus interesses pessoais. O povo vota na televisão, na música, nas grandes tiradas, no Santana Lopes.

O segundo problema é o tacho. Se um deputado aguentar 8 anitos, tá feito, tem reforma para toda a vida. Mas acima de tudo qualquer político tem um potencial e uma imagem muito pobre. Algures entre um Preto e uma Felgueiras (apesar das excepções que sempre vão acontecendo), e por isso tem de assegurar um tachito rapidamente. Assim que entra na política tem de começar a trotar para o tacho. Ora quem é competente e profissional não precisa da política para atingir as mordomias proporcionadas pelos tachos. E por isso só vai para a política a ralé (há excepções é claro).

A nossa solução resolveria assim dois problemas.
Primeiro acabavam com as eleições e partidos, sanguessugas da energia e alma dum povo, más alternativas a um dia de praia. Mas, ao mesmo tempo, permitia a todos os portugueses serem políticos, contornando a barreira à entrada que constituem os partidos políticos dos Guilhermes Cruz, Felgueiras, Saleiros e Cias.

O sistema, resumidamente, funcionaria assim:

Cada português fazia uma pergunta que se armazenava numa Base de Dados. Eu, que sou botânico, perguntava: Qual o período de reprodução das rosas?

Um drogado da rua perguntava: O que é melhor, um xuto de castanha ou de colombiana? E por aí fora.

Depois, quem quisesse ser político, participava num exame. Um quiz, em que se sorteavam as perguntas. A lógica subjacente é tecnocrática, ou seja deve liderar quem sabe mais, o que é questionável, mas melhor e seguramente mais clara e responsabilizadora do que a oclocracia reinante.

Dum teste de 100 quem respondesse mais podia escolher ser Ministro de qualquer ministério. Se houvesse empates tirariam mais 100 perguntas à sorte, e assim sucessivamente..
Imaginem que o popular com mais respostas certas dizia: Eu quero ser Ministro das Finanças, e assim era nomeado.

Depois, o Ministro tinha de fazer promessas, apresentar o seu programa, dizer o que ia fazer pelo país. Imaginem que ele dizia: Vou acabar com o desemprego em 6 meses. De seguida perguntava-se-lhe quais os recursos de que ele necessitava, e ele dizia, 500 milhõers de euros.



O programa tinha posteriormente de ser aprovado por um Conselho de Sábios (assim uma espécie de segunda câmara) que eram as 10 pessoas que tinham tido mais respostas certas na no quiz da área deste Ministério.


Ao fim de seis meses media-se o desemprego. Se ele tivesse acabado e a promessa cumprida dentro dos orçamentos definidos, o Ministro tinha direito a ocupar-se de mais um Ministério.

Então e se tivesse ficado a metade do objectivo?
O Conselho das Promessas (Os 10 sábios, além dos ministros, que mais respostas certas tinham dado) chamaria o Ministro e perguntava-lhe: Então ó Luís André, ké esta merda do desemprego? E o Luís responderia a treta que já todos conhecem: o passado negro do governo anterior, a conjuntura internacional, as expectativas de contenção, os novos desafios, enfim já conhecem a lenga lenga.

Aí, o Conselho poderia aceitar a justificação ou aplicar uma sanção de grau 1, ou seja cortar com uma guilhotina a falange do dedo mindinho.

Depois o Ministro sem falange teria de apresentar os novos desafios ou largar o cargo, altura em que a ele poderiam concorrer novamente todos os portugueses. Provavelmente os candidatos seriam bastantes menos (a prazo acabando com o tachismo), as promessas e recursos seriam elaborados com outro rigor e o desempenho em geral subiria exponencialmente.

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