A minha televisão!
Gosto muito da minha televisão.
Ela é muito boa e simpática.
A maior parte das pessoas gosta de criticar a TV.
Mas a TV é uma coisa completamente diferente porque para a compreender é preciso ter muitos cursos, saber muito de estratégias, audiências e conteúdos e ir de vez em quando a Cannes, um sítio muito elegante onde os canapés são muito bons.
Portanto eu não posso falar de TV, de canais temáticos de GRPs ou de autopromoções.
Mas posso seguraemnte falar da minha televisão.
A minha televisão gasta muito pouco.
Nunca avaria, não precisa de manutenção e garante uma imagem de qualidade muitas horas por dia ao longo de muitos anos. O mesmo não se pode dizer da maioria das pessoas ou coisas.
A minha televisão compreende-me. Não me interpela, nem questiona as minhas escolhas, por muito absurdas que elas por vezes possam parecer.
A minha televisão é solidária. Nos dias em que me sinto só, em que chego aa casa tarde, ela anima-me, dá-me coisas que me entretêm, ocupam-me o espírito, me informam e cultivam.
A minha televisão é fiel. Não vai a lado nenhum, está lá sempre, seja a que horas ou dias eu precisar dela.
A minha televisão é boa para a família. À noite, a família junta-se à volta dela, e ela introduz e facilita temas que temos de tratar com os miúdos, dum modo lúdico e envolvente.
A minha televisão tranquiliza-me. Nos dias de chuva em que não há nada para fazer, mesmo dsligada, ela apazigua as nossas ansiedades, porque sabemos que ela é fiável.
A minha televisão (Os Homens do Presidente) mostra-me mundos que doutro modo continuariam escondidos e incompreensíveis. Todos as semanas entro na casa do Presidente dos Estados Unidos. Conheço os seus amigos, os seus conselheiros, entendo que às vezes a política vai além do Louçã.
O melhor momento de rir da minha vida, foi a minha televisão que me deu com o número do falafalafala dos Gato Fedorento
A minha televisão informa-me e esclarece-me. Os quizes culturais, os telejornais, os programas da Fátima, a national Geographic, colecciona, organiza e sumariza temas complexos tornando-os tão fáceis de ingerir como uma Pizza-Hut.
A minha informação mostra-me o diferente. Com os Sete Palmos apercebo-me da realidade gay. Com a Ally Mcbeal sei que há românticos que gostam do Barry White, que sonham, que acertam e falham nos seus desempenhos profissionais, pessoais e emocionais.
A minha televisão traz-me a emoção, às vezes comparável a ser um pequeno empresário em Portugal. A série 24 Horas dispara-me a adrenalina, e como me tira o sono dá-me umas horas a mais de trabalho às quartas-feiras.
A minha televisão acrescenta paz e estabilidade à família porque a minha mulher e os meus dois filhos também a adoram.
A minha televisão traz-me a minha equipa de futebol, com a vantegem, de a poder desligar se as coias não estiverem a correr bem (superstição).
A minha televisão traz-me a história do mundo. Durante anos consegui convencer os meus filhos que a vida antigamente era a preto e branco. O Saraiva conta-nos histórias da história que nos divertem a todos cá em casa.
Diz-se mal da TV em Portugal.
A minha televisão é muito elegante e fica muito bem na sala.
Eu acho que a minha televisão é a melhor televisão do mundo.
Já estive com outras televisões em outros países do mundo.
Ms não eram tão boas. E ainda por cima não eram minhas.
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